Inauguração do Núcleo Viva reforça rede de enfrentamento à violência contra a mulher em Vitória da Conquista

Vitória da Conquista passa a contar com mais um importante equipamento no enfrentamento à violência contra a mulher. Trata-se do Núcleo VIVA: Vida, Integridade, Valorização e Acolhimento, uma iniciativa de extensão da Universidade Federal da Bahia (Ufba), em parceria com a 1ª Vara de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher. A inauguração ocorreu nesta sexta-feira (22), no Fórum João Mangabeira, reunindo cerca de 50 pessoas, entre juízes, promotores, representantes da Defensoria Pública, da Ronda Maria da Penha, Ronda Rural, da Prefeitura Municipal, Câmara de Vereadores, além do diretor da Ufba, entre outras autoridades.

Inauguração do Núcleo VIVA

Composto por estudantes extensionistas e servidores da Vara de Violência Doméstica, o Núcleo VIVA será um ponto de apoio para acolhimento, atendimento psicossocial, orientação jurídica e articulação de políticas públicas voltadas à proteção de mulheres em situação de violência.

Sheila Lemos

A prefeita Sheila Lemos destacou os avanços do município no combate à violência nos últimos anos e parabenizou o Judiciário e o Núcleo VIVA pela iniciativa. “Desde a criação da Secretaria Municipal de Políticas para Mulheres, nós estamos fortalecendo as políticas públicas para o público feminino. É uma parceria de suma importância para que possamos cada vez mais reforçar a atenção e proteção com as mulheres do município”.

Entre os objetivos do plano de trabalho do Núcleo VIVA está a garantia de atendimento humanizado, o fomento à integração efetiva dos serviços locais de proteção às mulheres, fortalecer a atuação dos agentes públicos que realizam atendimento direto às mulheres vítimas de violência, realizar o levantamento sociodemográfico interseccional das vítimas atendidas, aprimorar a comunicação e democratizar a informação jurídica e psicossocial para o público, além de realizar a avaliação contínua do impacto das ações desenvolvidas.

Presente na ocasião, a desembargadora do Tribunal de Justiça da Bahia, Nágila Brito, ressaltou a necessidade de promover o acompanhamento psicossocial para que as mulheres possam identificar o ciclo da violência, muitas vezes normalizado e perpetuado nas famílias. “A violência não é só física, mas também psicológica, o que leva a mulher a se autodepreciar e não enxergar como uma situação de violência, colocando-se em risco, porque é um caminho para o feminicídio. Então esse núcleo vai receber as nossas mulheres, entender a situação que estão vivendo e ajudá-las a sair, porque a mulher nasceu para vencer, para ser feliz e para amar a si própria”.

De acordo com o juiz Alerson Mendonça, da 1ª Vara de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher de Vitória da Conquista, o núcleo também funcionará como um espaço de escuta qualificada, para que as necessidades das mulheres sejam transformadas em políticas públicas mais eficazes, promovendo a integração entre órgãos de proteção. “Nesse núcleo, além da mulher ser escutada, ouvida e acolhida, ela também será orientada sobre todos os serviços que tanto o Estado quanto o município oferecem. Do ponto de vista do sistema de justiça, isso inclui também as polícias civil, militar, a Ronda Maria da Penha, a Ronda Rural, e os serviços municipais como o Centro de Referência da Mulher Albertina Vasconcelos (Crav), a Secretaria da Mulher e todos os equipamentos disponíveis para protegê-las.”

A secretária de Políticas para Mulheres, Viviane Ferreira, comemorou a chegada do Núcleo como mais um equipamento essencial para o acolhimento das vítimas de violência.“É uma rede de apoio que vem crescendo e está chegando às instituições de ensino, e a outras instituições parceiras, fazendo com que as políticas públicas do município sejam mais efetivas”,

Atendimentos Núcleo VIVA

Segundo a coordenadora do VIVA e professora da UFBA, Tarcísia Castro Alves, o objetivo do projeto é estreitar ainda mais a rede de proteção às mulheres.“Nós estamos de portas abertas. É um espaço construído para o acolhimento das mulheres.” Desde o início de suas atividades, o projeto de extensão Núcleo VIVA já realizou 74 atendimentos a mulheres com medidas protetivas.

Entre as atendidas, 66 são da zona urbana e 8 da zona rural do município. As mulheres negras correspondem a 74,33% dos atendimentos, enquanto as mulheres brancas representam 25,67%. Os tipos de violência relatados incluem violência psicológica, física, moral, patrimonial, sexual e institucional.

Gilmara de Jesus, 36 anos, é uma das mulheres atendidas pelo VIVA. Ela conta que conheceu o projeto através do Crav, onde já recebia acompanhamento. “Eu já vinha de diversos tipos de violência, sempre me senti meio acuada e desprotegida, mas com o Núcleo VIVA eu entendi que precisamos romper o ciclo de silêncio para que o responsável seja responsabilizado, porque, às vezes, a gente até desconhece os direitos e o suporte que pode receber. Eles me ajudaram a me reconstruir e a recomeçar. Hoje eu tenho perspectivas e tenho capacidade de enfrentar coisas que, lá atrás, eu tive dificuldade”.

Canais de denúncia

Para denúncias relacionadas à violência contra a mulher, o cidadão pode entrar em contato com a Delegacia da Mulher através do 190 e com a Central de Atendimento à Mulher pelo 180.

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