Bienal das Amazônias abre segunda edição em Belém

Bienal das Amazônias abre segunda edição em Belém

Foto: © Fabiola Sinimbú/Agência Brasil

A segunda edição da Bienal das Amazônias abre as portas ao público nesta quarta-feira (27), em Belém, com obras de 74 artistas e coletivos de oito países da Pan-Amazônia e Caribe. As obras ficam expostas até 30 de novembro, com entrada gratuita.

Com o conceito curatorial Verde-Distância, inspirado no romance Verde Vagomundo, do escritor paraense Benedicto Monteiro, as obras selecionadas resultam de um processo de escuta das múltiplas vozes que constituem o território amazônico.

Segundo a curadora-chefe da Bienal das Amazônias, Manuela Moscoso, pretende-se mostrar que a distância não separa, mas potencializa a capacidade de perceber o outro e assim construir um coletivo.

“É desse modo que partimos hoje, da escrita que se fez floresta, da memória que se fez travessia e desta bienal, um gesto coletivo, um movimento que se abre como um rio cheio encontrando margens diferentes e, ainda assim, segue o mesmo curso”, disse Manuela na cerimônia de abertura da bienal.

A equipe que selecionou as obras é composta ainda por Sara Garzón, curadora adjunta; Jean da Silva, cocurador do programa público; e Mónica Amieva, curadora pedagógica, que juntos realizaram a escuta de artistas no território amazônico e selecionaram as obras expostas.

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As obras selecionadas ocupam um espaço de oito mil metros quadrados do Centro Cultural Bienal das Amazônias (CCBA), um local no coração da área comercial do centro histórico de Belém. 

Para a presidente do Instituto Bienal das Amazônias, Lívia Condurú, chegar à segunda edição foi um desafio possível somente pela coletividade, que possibilitou a transformação de uma antiga loja de departamento em um espaço cultural e permitiu movimentar o lugar com belas exposições, reunir gestores culturais para pensar os desafios do Sul Global e, também, levar arte aos lugares onde não há equipamentos culturais. 

“Conseguimos criar e viajar com um barco que é uma obra de arte e também um centro cultural que consegue chegar a tantos lugares e ouvir tantas vozes diferentes e construir esse pedaço de Amazônia que a gente acredita que é a Amazônia que se enxerga e fortalece o outro. Não tem alguém dizendo o que a gente é, a gente simplesmente é”, diz Lívia.

Depois de dois anos da primeira edição, em 2023, a Bienal das Amazônias cresce em profundidade, com diferentes linguagens e práticas artísticas. Este ano, além de integrar o circuito nacional das bienais brasileiras, a exposição também faz parte da Temporada Brasil-França 2025, com a presença de artistas de ilhas caribenhas e da Guiana Francesa, como Jean-François Boclé, da Martinica. 

O artista levou para a bienal a instalação da série Caribbean Hurricane (Furacão Caribenho, na tradução livre).

Para Boclé, a obra traduz a força e voz de pessoas em territórios colonizados e traz uma homenagem ao ativista político jamaicano Marcus Garvey, que lutou pela defesa dos direitos de pessoas pretas e pela independência financeira de afro-americanos nos Estados Unidos, uma sociedade dominada por brancos.

“Essa é a segunda vez que venho ao Brasil. A primeira vez eu fui a Porto Alegre, bastante diferente. Gostei muito de Belém e estou extremamente feliz de estar nesta bienal, com culturas diferentes, instalações, fotos. Vejo muitas coisas que amo”, confessa.

Este ano, a Bienal das Amazônias homenageia o artista Roberto Evangelista (1947–2019), nascido em Cruzeiro do Sul, no Acre, e que viveu grande parte de sua vida em Manaus, no Amazonas, onde foi pioneiro na arte conceitual, com obras em diferentes suportes, como a videoarte e uma produção que reúne criação, meio ambiente e religiosidade. O artista produziu obras que são símbolo da resistência cultural e preservação das histórias afro-amazônicas e indígenas.

Uma das cinco filhas de Roberto Evangelista, Sâmara Farias Evangelista diz que a homenagem é um reconhecimento de um trabalho produzido muito à frente de seu tempo, com materiais entregues pela floresta e uma relação de entendimento filosófico da arte como expressão da espiritualidade.

“Para ele, a arte sempre caminhou junto com a espiritualidade, então esse momento que também é de reconhecimento da classe artística é para a gente muito especial”, salienta.

Ao lado de Sâmara, a mãe, esposa de Roberto e companheira de caminhada espiritual, Ana Maria Evangelista também estava emocionada com a homenagem. “Me alegra ver que a expressão dele continua exposta em suas obras. Me sinto parte disso, como admiradora e por ter acompanhado esse trabalho ao lado dele e sempre dando apoio”, revela.

A segunda Bienal das Amazônias começa hoje (27) e vai até 30 de novembro, na rua Senador Manoel Barata, nº 400, quarta e quinta-feira das 9h às 17h; sexta e sábado das 10h às 20h. Domingos e feriados o horário de funcionamento é de 10h às 15h. A última entrada ocorre sempre uma hora antes do fechamento.

Nesta primeira semana de abertura, os horários serão especiais: quarta-feira (27) das 12h às 18h30; quinta-feira (28) das 15h30 às 18h30; sexta-feira (29) e sábado (30) das 10h às 20h; e domingo (31) das 10h às 15h.

Fonte: Agência Brasil

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