
Com marcas inapagáveis, como um tricampeonato invicto, único na história do futebol feirense, formação de grandes equipes, revelando valores para o futebol profissional, do qual participou em 1963, o São Paulo Futebol Clube, atual campeão da cidade, há 68 anos representa com dignidade o bairro da Kalilândia.
Único tricampeão invicto de Feira de Santana (1972/1973/1974), o São Paulo Futebol Clube, também detentor do título de 2010 e atual campeão da cidade, já que conquistou o título de 2019, último realizado pela Liga Feirense de Desportos (LFD), tem uma longa e bonita história iniciada em 1957 no bairro da Kalilândia, quando um grupo de amigos resolveu fundar um clube de futebol e escolheu o nome do tricolor paulista, que tinha grande predominância entre os rapazes. Muitos anos antes, na década de 1940, o Kalilândia Futebol Clube havia representado o bairro com sucesso, mas teve vida breve, desaparecendo do cenário esportivo local.
E o novo clube surgiu graças a Elias, Isack, Álvaro, Barreto, Eulício, João Mendes do Vale, Antônio Josino, Paixão, Amando (Ioiô – Valdoberto), Artur Cordeiro, Sant Clair, Urbano, Netinho, Fernando — verdadeiros arautos que logo foram seguidos por outros amigos, também bons de bola e idealistas. Em meados de 1957, a rapaziada descobriu o recém-criado “campo dos casados”, área hoje ocupada pela Estação Rodoviária, inaugurada em 1966.
Ali foram os primeiros treinos na “paleta”, ou seja, todos descalços, no melhor estilo das peladas ou babas, como preferem alguns. Jogos logo foram marcados com a rapaziada do tricolor Floresta da Usina de Algodão, localizada no início da Rua Castro Alves, um pouco antes do Colégio General Osório. Cesar Maltez, Juracy, Antônio, Maltez, Cardeal, Lear, Pacard, Mãozinha, Wilson, Boca — um grupo forte em bons confrontos. No início, o problema foi adquirir o uniforme do tricolor paulista, e o time da Kalilândia fez os primeiros jogos com a bela camisa rubra do América carioca. Os irmãos Álvaro e Elias foram a Salvador adquirir o uniforme tricolor e, não o encontrando, optaram pela camisa vermelha “americana”.
Em pouco tempo, já filiado à Liga Feirense de Desportos, o caçula do futebol local começou a fazer história, graças à sua estrutura sedimentada na base fundadora marcada pelo sentimento da amizade, como se fosse uma grande família. Em alguns momentos, despertando até um sentimento de ciúme entre alguns desportistas que o viam como “um time de ricos”. Essa ideia não era verdadeira, mas causada pela boa organização do clube, o que ficou mais evidente quando foi criado o “campo do São Paulo”, ao lado do Hospital D. Pedro de Alcântara, que durante muitos anos foi utilizado por muitos outros clubes, colégios, instituições e até mesmo pelas equipes profissionais do Fluminense e Bahia de Feira para os seus treinamentos.
Ostentando a faixa de campeão local, o tricolor formou fortes equipes e revelou vários atletas para o futebol profissional, chegando mesmo a disputar o Campeonato Estadual da Segunda Divisão Profissional em 1967, ao lado do Vasco de Feira. Ao longo dessa história, independentemente dos fundadores, não podem deixar de ser citados craques que honram sua galeria, como: Edson Fialho, Estrangeiro, Cironaldo, Telê Bicudo, Agnaldo, Luís Carlos, Laete, Clodoaldo, Beto, Coelho, Ciso, Quequeu, Lu Mutuca, Claudinho, Natalino, Roque, Ricardo, Caju, Paixão, Catinga, Coca, Bacuri, Renato, Vanderley, Santo Amaro, Juracy, Sandoval, Juarez, Cordeiro, Leopoldo Ramos, Joaquim, Welf e o hoje presidente Willy Mendes, que, mesmo com o passar dos anos, mantém, como antes, o amor pelo representante da Kalilândia no futebol da Princesa do Sertão.
Por Zadir Marques Porto