Um dos mais importantes clubes do futebol carioca e do país tem, em Feira de Santana, um torcedor fiel desde os 12 anos de idade, que sabe tudo sobre o alvinegro e mantém um importante acervo da agremiação. Ele também faz parte do FeiraFogo, que congrega cerca de 200 torcedores do time da estrela solitária. Mas, segundo garante, o número de ‘apaixonados’ pelo clube na Princesa é muito maior.
‘Botafogo, Botafogo, campeão desde 1910…’ O belíssimo hino do Botafogo de Futebol e Regatas, produzido pelo imortal Lamartine Babo, embala o coração de muitos torcedores no Brasil e isso inclui, naturalmente, um grande número de desportistas em Feira de Santana. Ex-gerente de banco e empresário aposentado, rotariano e maçom, José Boa Sorte, cidadão de vida íntegra e que jamais sai dos trilhos, sofre, no entanto, nos jogos do time da estrela solitária, pelas inesperadas situações que o futebol proporciona. Mas nada é capaz de diminuir o amor que nutre pelo alvinegro carioca, coisa que vem desde 1958, quando mal tinha chegado aos 12 anos de idade.
E por que esse amor de um garoto nascido em Riacho de Santana por um clube do distante Rio de Janeiro? “Era um time fabuloso naquela época com Didi, Garrincha, Nilton Santos e tantos outros craques, como não torcer por um time assim?”, questiona. Vale lembrar que, campeã carioca de 1957, a base do time (1957/1958) era: Adalberto, Tomé e Nilton Santos, Beto, Servilho e Pampolini, Garrincha, Didi, Edson, Paulinho e Quarentinha, tendo ainda: Nei, Neivaldo, Rossi, Ronald e Cañete. Com outra grande equipe, o Botafogo foi bicampeão carioca em 1961/1962. Em 1992, Boa Sorte veio morar em Feira de Santana, solidificando sua admiração pelo clube de General Severiano, sobre o qual, como um estudante aplicado, sabe tudo, desde o momento de surgimento do alvinegro na Cidade Maravilhosa.
Conforme Boa Sorte, o alvinegro surgiu em 8 de dezembro de 1942, mediante a fusão do Clube de Regatas Botafogo, fundado em 1894, e o Botafogo Futebol Clube, nascido em 12 de agosto de 1904. Emanoel Sodré e Flávio Ramos, estudantes do Colégio Alfredo Gomes, reuniram-se no dia 12 de agosto de 1904 para fundar um clube de futebol, com a ideia inicial de reativar o Eletroclube. Todavia, dona Chiquitota (Francisca Teixeira Leite), avó materna de Flávio, foi enfática em sua sugestão: “Tem de ser Botafogo, rapazes. Vocês moram aqui em Botafogo (bairro), por que Eletroclube?”. Em 12 de junho de 1942, houve um jogo entre os dois homônimos no final do campeonato carioca de basquetebol.
O atleta do Clube de Regatas Botafogo, Armando Albano, faleceu na quadra de um ataque cardíaco fulminante, e a emoção falou mais alto como fator preponderante para a unificação. Profundo conhecedor da história do alvinegro, ele relata que, embora o hino tenha eternizado o clube como campeão carioca de 1910, a verdade é diferente. “O Botafogo foi campeão antes, em 1907, ficando a questão sub judice, com decisão favorável da Justiça anos depois. Portanto, podemos cantar que o Botafogo é campeão carioca desde 1907”, garante José Boa Sorte, lembrando que o primeiro uniforme do alvinegro foi adquirido em Londres por 24 libras esterlinas.
Ele considera o número 12 e invertido 21, vital na vida do clube, uma vez que, além de ter sido fundado num dia 12 em 1904, em 1988, depois de 21 anos sem título, o Botafogo venceu o Flamengo no dia 21 de junho (12 invertido). Zico saiu aos 21 minutos do primeiro tempo, o alvinegro fez 21 ataques contra o adversário e o gol foi aos 21 minutos, feito por Maurício, camisa sete, que é múltiplo de 21. Em sua residência, José Boa Sorte mantém uma dependência reservada ao alvinegro, com revistas, fotos, livros, camisas e objetos relativos ao clube, um verdadeiro museu do clube da estrela solitária.
Em família, o alvinegro está sempre presente. Sua esposa, dona Edna, acompanha-o como torcedora e incentivadora, assim como os filhos, mesmo os que não são adeptos do futebol, e dentre eles há um flamenguista. Boa Sorte também integra o FeiraFogo, entidade formada por adeptos da agremiação, fundada em 15 de novembro de 2011, e que tem vida própria, graças aos associados que acompanham jogos do clube, inclusive viajando para outras cidades e estados.
O FeiraFogo conta com cerca de 200 associados, mas os botafoguenses são em número muito maior em Feira de Santana, garante. Dentre eles, estão pessoas públicas como Dimas Oliveira, Ozeny Moraes, Caribé da Caixa, o advogado Ari e a esposa, Vivaldo, Humberto Cedraz, Carlos Alberto Brito, Tino (Clementino Silva Santos), Arlindo Baterista (Arlindo Aloísio Almeida), Alcione Cedraz, Marquinhos do CRECI, João Gualberto, Pedro Neto e Pitágoras Santos.
Por Zadir Marques Porto
