
É o templo mor do catolicismo de uma comunidade surgida sob a proteção da sua Excelsa Padroeira Senhora Santana – auxiliadora e condutora do seu povo ao desenvolvimento e ao progresso. Nele também estão reunidos aspectos históricos, incluindo a contribuição de um artista alemão na bela pintura original do altar e o desenho do púlpito.
Mesmo sem as riquezas históricas, incluindo as filigranas e peças de ouro contidas em outras igrejas, principalmente de Salvador e Recôncavo Baiano como Cachoeira e São Félix, a secular Catedral Metropolitana de Senhora Santana, localizada na Praça Monsenhor Renato de Andrade Galvão, ou mais popularmente Praça da Matriz ou Praça da Catedral, independente de representar o mais importante templo católico da cidade princesa, congregante máximo dos fiéis do catolicismo, reúne detalhes internos de muita beleza que remetem ao seu surgimento e, um pouco depois, à primeira e segunda décadas do século passado, quando foram mais significativos alguns detalhamentos aplicados.
A pintura original de rara beleza do altar é atribuída a um artista de origem alemã que aqui esteve durante algum tempo, cuidando da saúde por ser portador de grave tuberculose, até então doença mortal. Feira de Santana recebeu muitas pessoas com esse e outros males, devido à peculiaridade do seu clima considerado propício para recuperá-las. Era o que informava o padre Renato Galvão que, além de dedicado pároco da Igreja de Senhora Santana entre 1965 e 1995, foi um renomado pesquisador e historiador, que concentrava seus estudos fundamentalmente sobre o município de Feira de Santana e, particularmente, a seara do catolicismo entre os feirenses.
Assim, conforme o Padre Galvão, J. Colemann veio para a Cidade Princesa no intuito de tentar recuperar a saúde da grave doença pulmonar, mediante aconselhamento do doutor Fernando São Paulo, nascido em Santa Bárbara, que era professor de Terapêutica da Faculdade de Medicina de Salvador e professor do Seminário Central da Bahia, além de ter exercido a profissão de forma humanitária nesta cidade. Presidente da comissão encarregada de proceder à pintura sacra do interior do templo, Fernando São Paulo convidou Colemann, que se dedicou, durante cerca de um ano, ao trabalho.
Alto, magro, cabelos claros, olhos azuis e nariz aquilino ou adunco (como bico de águia), andar rápido, idade estimada em pouco mais de 50 anos, Colemann, com o seu trafegar diário no sentido da igreja e vice-versa, tornou-se uma figura comum no cenário feirense, mesmo destoando literalmente do tipo sertanejo. A pintura sacra da Catedral, que durou um ano aproximadamente, teria sido uma réplica do seu melhor trabalho realizado em um templo na Alemanha, conforme ele teria revelado. Do mesmo modo, seria desse talentoso artista germânico o desenho e a pintura do púlpito do templo, concluído por um rapaz de nome Hércules, que era seu aluno nas artes plásticas. A pintura original do púlpito da Catedral, conforme contava o Padre Galvão, apresentava cor escura, com cruzes góticas em ouro, mas a pintura foi renovada por um artista da cidade de Macajubas, não se sabendo exatamente quando, sofrendo total alteração.
Em 1914, a tuberculose avançada decretou o final da vida de Colemann, que para alguns seria um político fugitivo de guerra da Alemanha, um grande artista apaixonado – além de pintor, era um violonista virtuoso –, tentando esquecer alguém em seu país ou, meramente, um cidadão acometido de tuberculose e que, apesar de tudo, não escapou da doença. Magno templo do catolicismo em Feira de Santana, a Catedral Metropolitana de Senhora Santana tem um belo interior que talvez não seja observado com a atenção que merece, e uma história interessante, fatores determinantes para maior apreciação pelos fiéis, devotos de Senhora Santana e todos os feirenses, independente de sê-lo ou não!
Por Zadir Marques Porto