
Com cerca de 30 mil títulos à disposição da população de Vitória da Conquista, a Biblioteca Municipal José de Sá Nunes dispõe do segundo maior acervo da Bahia, cuja divisão é distribuída entre literaturas brasileira e estrangeira, espaço infantil, para adolescentes, Braille, livros raros, além de um espaço destinado para os escritores conquistenses.
Vinculada à Secretaria Municipal de Cultura, a Biblioteca Municipal está aberta de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 14h às 18h. Com a ampla gama de opção, o espaço recebeu, no primeiro semestre deste ano, 3.500 visitantes e uma média de 400 livros emprestados por mês. Além dos empréstimos realizados para a comunidade, cujo serviço é um dos mais solicitados pelos leitores, a biblioteca também atrai pessoas que apreciam a leitura no próprio ambiente, a exemplo da professora e bombeira militar, Tamyres Andrade, que aproveitou a ida da mãe ao médico para fazer uma leitura até o término da consulta.
-
Tamyres
“Aproveitei essa hora, já que o consultório é aqui perto, justamente para tentar encaixar um pouquinho da leitura na rotina, porque acaba sendo difícil na correria do dia a dia, mas é algo que eu faço desde criança, me faz muito bem. Inclusive, eu estava aqui pensando como eu deveria fazer mais isso e encontrar mais um momento, mais espaço para isso aqui”, disse. A professora disse também que tem colocado o hábito de levar as filhas Maria’s para fazer leituras na biblioteca diante do desafio que é o acesso às telas nos dias de hoje.
“Hoje, considerando a tecnologia, é uma preocupação que eu tenho enquanto mãe de crianças pequenas, do acesso que elas têm a telas e tudo isso, eu busco trazer sempre elas aqui justamente para ampliar esse olhar, né? Porque, se a gente não tentar inserir, acaba que não faz parte da realidade delas, né? Fica só preso ao que a escola traz”, completou.

Jeane Marrie
A gerente da biblioteca, Jeane Marie, destacou o local como de fundamental importância no compartilhamento de ideias e de conhecimento. “O espaço da biblioteca é um dos espaços mais democráticos de uma cidade. Aqui é onde congrega informação, conhecimento e não é uma coisa para uma só pessoa. É um movimento rotativo e que todo mundo sai ganhando. Todo mundo tem acesso ao livro e, aqui, nós temos um dos melhores acervos do estado da Bahia. Nós estamos em segundo lugar em termos de números de títulos e de qualidade também”, destacou.
Para levar o livro para casa, por meio do empréstimo na biblioteca, os leitores precisam fazer a carteirinha gratuita, com o comprovante de residência e documento de identidade. Um dos leitores assíduos do espaço, o servidor público e designer de moda, Magno Philadelpho, é leitor da biblioteca municipal há mais de 20 anos. Dedicado à leitura diária, ele tem o compromisso de, a cada 10 dias, ir ao espaço fazer devolução de livro e retirar outro exemplar emprestado.
-
Magno
“Quando eu cheguei a Vitória da Conquista, em 2001, esse espaço foi o primeiro que eu quis visitar, e até então, ou seja, há 24 anos, eu venho frequentando esse lugar, alocando livros assiduamente. E eu tenho muita alegria de dizer porque para mim foi um ganho muito importante. A gente vem galgando as nossas conquistas profissionais a partir dessa base educacional”, disse o servidor público.
Amante dos livros de filosofia e psicologia, Guilherme Lacerda costuma ir à biblioteca com a esposa Ana Luiza Cardoso. Ele relatou que suas idas à biblioteca são pontuais, mas sempre produtivas. “Eu não venho aqui sempre, mas quando venho, eu sempre gosto de ver os livros que estão aqui, pesquiso bastante, é um ambiente muito bom, muito bacana, e, se as pessoas vierem mais, acredito que elas vão gostar também”, disse. Ana Luiza salientou que costuma levar o filho do casal para ler os livros infantis e estimular a leitura desde cedo.

Guilherme e Ana Luiza
“Eu gosto muito de vir com o nosso filho aqui. E aí a gente leva livros infantis que são muito ricos, né? E é bom também vir com a família pra desconectar um pouco da saída da tela. É uma alternativa muito boa que a gente encontrou e aí, de vez em quando, quando dá, a gente vem aqui e leva um livro. O meu filho ama muito e eu também”, declarou Ana Luiza.
Outras atividades
O papel da Biblioteca Municipal vai além de dispor de livros para a comunidade. Ela também realiza projetos para o incentivo à leitura, a exemplo do “A Escola vai à Biblioteca”, cujo objetivo é a visita de alunos de diversas escolas municipais, particulares e também de outros municípios para conhecer o local.
Para além disso, a biblioteca também promove encontros culturais, cede espaço para lançamento de livros e realiza rodas de conversa, tornando a biblioteca sempre viva.
“Logo quando acabou a pandemia, resolvemos fazer um projeto que se chama ‘Biblioteca Viva’, onde a gente promove eventos culturais que possam trazer pessoas para a biblioteca para congregar aqui, conosco, projetos culturais, leituras diversas”, pontuou Jeanne, que ressaltou a realização dos encontros culturais no espaço.
Nesta semana, por exemplo, a Biblioteca Municipal recebeu o encontro de compositoras com acessibilidade em Libras para uma troca de conhecimento. O projeto é da cantora e compositora conquistense Isadora Oliveira, mais conhecida como Pipa, que lançou em 4 julho o EP “Ela, o Mar e Eu”, onde reúne quatro faixas compostas exclusivamente por mulheres.
-
Pipa
“O projeto de Pipa é bastante interessante porque fala de cantoras autorais e é importante dar abertura para esse tipo de atividade. As músicas de autores regionais são muito bonitas, poéticas. E, especificamente Pipa, ela desenvolve esse trabalho junto com tantos outros autores da cidade. Estamos levando esses movimentos, compartilhando em grupos de bibliotecários do estado. Estamos sendo referência também nesse âmbito de projetos e eventos dentro da biblioteca”, completou Jeane.
“Fazer uma troca com outras mulheres, falar um pouco sobre o processo de composição desse trabalho, trocar nossas experiências, nossas lutas, nossas referências. Esse é o objetivo. A gente está sempre em diálogo e proporcionando também esse encontro com a música. E esse espaço aqui também acho que é um fundamental, que traz muitas referências para quem escreve; um espaço de leitura, que fomenta novos escritores também, além de novos leitores e novas escritas”, disse Pipa.