Estudante baiana transforma resíduos de papel e coco verde em solução sustentável

Os resíduos gerados no Brasil podem representar até 4% do total de emissões de gases de efeito estufa (GEE) no país, segundo a Associação Internacional de Resíduos Sólidos (ISWA). Entre eles, por exemplo, estão o papel e o coco verde. A combinação desses elementos pode parecer incomum, mas, ao identificar o descarte incorreto desses materiais nas proximidades de sua escola, a estudante do Colégio Estadual da Bahia (Central), Camille Santana, orientada pelas professoras Fernanda Pereira e Valéria Danielly, desenvolveu um papel reciclado voltado para uso no setor hoteleiro.

A jovem cientista Camille explica que a ideia do projeto nasceu da observação de dois problemas ambientais comuns, alinhados à economia circular, que busca reaproveitar recursos e reduzir desperdícios, e à cultura oceânica, que reforça a importância de preservar os mares e compreender como ações humanas impactam os ecossistemas costeiros. “Esse projeto vem de duas problemáticas: o descarte inadequado do coco verde, muito consumido aqui na cidade, e a fabricação do papel industrial, que utiliza muitos recursos naturais como as árvores, contribuindo para o desmatamento. Então, pensamos em uma alternativa de baixo custo e sustentável para aproveitar esses dois resíduos”.

Junto com o ensino médio, Camille também cursa no colégio a formação técnica em Hospedagem. Por isso, decidiu unir o projeto E-Papel, desenvolvido no Clube de Ciências Orbitz, à sua área de estudo. “Hoje em dia, muitos hotéis priorizam a sustentabilidade. Esse papel, voltado para o setor hoteleiro, poderia ser usado em placas de ‘não perturbe’, ‘por favor, arrumar’, registros de visitas e até em indicadores que alguns estabelecimentos oferecem aos hóspedes. A ideia é que ele seja aplicado diretamente nesse contexto”, diz.

Segundo a estudante, além de propor uma solução sustentável, o projeto, que conta com apoio da Secretaria da Educação (SEC), também apresenta resultados práticos na qualidade do material produzido. “O benefício que a gente está trazendo é retirar o resíduo orgânico, que é o coco verde, das ruas e utilizá-lo junto com o papel. Ele consegue imprimir bem. Fizemos alguns testes de impressão e deu certo. Dá para escrever tranquilamente. É um papel macio para escrever, com boa resistência, ótima gramatura e que cortamos no tamanho A4”, afirma.

A orientadora do projeto, Fernanda Pereira, ressalta a importância de a iniciativa ir além da prática em sala de aula e se tornar parte da formação dos estudantes. “O essencial é fazer com que esses alunos reflitam e se tornem multiplicadores em outros espaços, na escola, em casa, na faculdade. Que eles sejam propagadores da ideia da economia circular, não apenas dentro do colégio, mas também em todos os ambientes em que vivem. Que essa experiência contribua para uma formação humana, e não apenas técnica”.

A Secretaria Estadual de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secti) estreou no Dia Nacional da Ciência e do Pesquisador Científico, 8 de julho de 2019, uma série de reportagens sobre como pesquisadores e cientistas baianos desenvolvem trabalhos em ciência, tecnologia e inovação de forma a contribuir com a melhoria de vida da população em temas importantes como saúde, educação, segurança, dentre outros. As matérias são divulgadas semanalmente, sempre às segundas-feiras, para a mídia baiana, e estão disponíveis no site e redes sociais da Secretaria. Se você conhece algum assunto que poderia virar pauta deste projeto, as recomendações podem ser feitas através do e-mail ascom@secti.ba.gov.br.
 

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