
O belo prédio do Centro Universitário de Cultura e Arte (CUCA), localizado na Rua Conselheiro Franco (Rua Direita), sob a direção do professor e artista plástico Gil Mário Menezes, independentemente da sua importância atual, reúne um conteúdo de valor histórico no campo da Educação em Feira de Santana que começou em 1927, quando ali foi implantada a Escola Normal, primeiro estabelecimento capacitado a licenciar professores na região. Foi também Faculdade de Educação, que originou a Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS) surgida na década de 1970.
O centenário e imponente edifício na Rua Conselheiro Franco (Rua Direita), notabilizado pela relevante cúpula em sua marcante fachada frontal, que sedia o Centro Universitário de Cultura e Arte (CUCA), tem significativa participação na história da Educação em Feira de Santana, como berço de formação de centenas e centenas de professores, médicos, engenheiros, empresários, fazendeiros, comerciantes, jornalistas, advogados, dentre outros personagens, que sentaram em suas amplas salas de aula perante lembrados profissionais do magistério, com os quais adquiriram ensinamentos que fundamentaram a sua existência adulta.
Para um relato completo da história do CUCA, instituição dirigida pelo professor e artista plástico Gil Mário de Oliveira Menezes, é necessário o recuo de um século. Francisco Marques de Góes Calmon, décimo-quinto governador da Bahia (1924/1928), através da Lei número 1846 de 14 de agosto de 1925, decidiu pela implantação da Escola Normal de Feira de Santana, atendendo à demanda provocada pelo expressivo desenvolvimento da cidade, que já despontava como polo socioeconômico regional.
O prédio havia sido edificado na gestão anterior e denominado oficialmente Escola Primária José Joaquim Seabra, que era o governador da Bahia (1920/1924) e foi o seu construtor. Na época ainda não havia nos quadros da administração estadual a Secretaria de Educação, ficando a responsabilidade mais ligada ao Secretário do Interior, Landulfo Medrado. Em 1927 a Escola Primária José Joaquim Seabra, ou J.J. Seabra, como era mais conhecida, foi transformada em Escola Normal de Feira de Santana e cinco anos depois em Escola Normal Rural, pelo governador Juracy Magalhães.
Entre 1930/1931 o Sistema Nacional de Educação sofreu reforma, verificando-se a redução do período de duração do Curso Normal de quatro para três anos, com o objetivo de apressar a formatura de professores do curso primário e assim possibilitar a expansão do ensino desse nível, considerado imperiosamente necessário no território brasileiro. Foi o governador Góes Calmon quem procedeu à transição no estado e, como a Educação continuava sem contar com uma secretaria específica, o assunto ficou diretamente entre o governador e o Secretário do Interior e Justiça, Bráulio Xavier. Vale lembrar que a Secretaria Estadual de Educação foi criada pelo vigésimo governador do estado, Juracy Montenegro Magalhães (1931/1937).
Assim, as normalistas que começaram a estudar em 1927, não beneficiadas pela reforma do governo Getúlio Vargas (1930/1945), através do então recém-criado Ministério da Educação e Saúde, concluíram os estudos no final de 1930. Foram, portanto, os primeiros profissionais da Educação (professoras) formados em Feira de Santana, todavia verificando-se divisão ou ruptura entre as 19 concluintes em relação aos atos de formatura, que ocorreram separados — duas solenidades — no mês de dezembro de 1930. Posteriormente, o prédio sediou o curso Ginasial e o curso Normal, este transferido para o Instituto de Educação Gastão Guimarães (IEGG), que foi instalado no segundo governo de Juracy Magalhães (1959/1963) como Escola de Aplicação anexa à Escola Normal.
O prédio da Rua Conselheiro Franco (Rua Direita) ganhou maior status, passando a sediar a Faculdade de Educação de Feira de Santana, que deu origem à Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS), criada em 1970, com início de funcionamento em 1976 e reconhecida como universidade em 1986.
Em 1995, quando era reitor da UEFS o professor Josué Silva Melo, ocorreu a inauguração do Centro Universitário de Cultura e Arte (CUCA), concretizando um antigo ideal do professor e reitor, sempre preocupado com a preservação e valorização dos aspectos culturais da Cidade Princesa e região. Hoje esse exemplar espaço cultural oferece à comunidade a possibilidade de desenvolver e acompanhar atividades artísticas e culturais diversas, através de amplas instalações, contando com laboratório de treinamento em informática, salas de cinema e arte com bom número de assentos, teatro de arena com 600 lugares, seminário de música com cursos de vários instrumentos, cursos de dança e balé, dentre outros equipamentos.
Em 1985, um fato determinante veio contribuir ainda mais para a valorização do estabelecimento. O Museu Regional de Arte (MRA), festivamente inaugurado pelo jornalista Assis Chateaubriand em 1967 na Rua Professor Geminiano Costa, com rico acervo pictórico internacional — o que significa, além de expoentes da pintura nacional, telas de artistas além-fronteiras, com destaque para a valiosa coleção inglesa, com 30 telas, ofertada por Chateaubriand e única na América Latina — foi transferido para o CUCA, que já estava incorporado à Universidade Estadual de Feira de Santana. Também ali funciona a Galeria Carlo Barbosa, uma justa homenagem ao artista plástico feirense e que se constitui em um polo de incentivo e apoio aos artistas regionais, em especial àqueles que se iniciam nas artes plásticas. Desse modo, soma-se à já importante história do prédio da antiga Escola Normal o acervo do museu, com ênfase para a magnífica coleção inglesa.
Por Zadir Marques Porto