
Mais de 100 grupos de direitos humanos e de ajuda humanitária pediram nesta quarta-feira (23) que os governos tomem medidas conforme a fome se espalha em Gaza, inclusive um cessar-fogo imediato e permanente e o fim de todas as restrições ao fluxo de ajuda humanitária.
Em uma declaração assinada por 111 organizações, incluindo Mercy Corps, Conselho Norueguês de Refugiados e Refugees International, os grupos alertaram que a fome em massa está se espalhando pelo enclave, mesmo com toneladas de alimentos, água potável, suprimentos médicos e outros itens do lado de fora de Gaza, pois as organizações humanitárias estão impedidas de acessá-los ou entregá-los.
“À medida que o cerco do governo israelense mata de fome a população de Gaza, os trabalhadores humanitários agora estão se juntando às mesmas filas de alimentos, correndo o risco de serem baleados apenas para alimentar suas famílias. Com os suprimentos agora totalmente esgotados, as organizações humanitárias estão testemunhando seus próprios colegas e parceiros definharem diante de seus olhos”, disseram as organizações.
As organizações pediram que os governos exijam o fim de todas as restrições burocráticas e administrativas, a abertura de todas as passagens terrestres, a garantia de acesso a todos em Gaza e a rejeição da distribuição controlada pelos militares e a restauração de uma “resposta humanitária baseada em princípios e liderada pela ONU”.
“Os Estados precisam adotar medidas concretas para acabar com o cerco, como interromper a transferência de armas e munições.”
Israel, que controla todos os suprimentos que entram em Gaza, nega que seja responsável pela escassez de alimentos.
Mais de 800 pessoas foram mortas nas últimas semanas tentando obter alimentos, a maioria em tiroteios em massa por soldados israelenses posicionados perto dos centros de distribuição da Fundação Humanitária de Gaza.
A fundação, apoiada pelos Estados Unidos, tem sido duramente criticada por organizações humanitárias, incluindo as Nações Unidas, por uma suposta falta de neutralidade.
As forças israelenses mataram quase 60 mil palestinos em ataques aéreos, bombardeios e tiroteios desde que lançaram sua ofensiva contra Gaza em resposta aos ataques a Israel pelo grupo Hamas, que matou 1,2 mil pessoas e capturou 251 reféns em outubro de 2023.
Pela primeira vez desde o início da guerra, as autoridades palestinas dizem que dezenas de pessoas também estão morrendo de fome.
Gaza viu seus estoques de alimentos se esgotarem desde que Israel cortou todos os suprimentos para o território em março e depois levantou o bloqueio em maio com novas medidas que diz serem necessárias para evitar que a ajuda seja desviada para grupos militantes.