Museus do IPAC recebem novas Ocupações e Residências Artísticas

Os museus administrados pelo Instituto do Patrimônio Artístico e Cultural da Bahia (IPAC), unidade vinculada à Secretaria de Cultura do Estado (SecultBA), passam a sediar novas residências e ocupações artísticas. As ações transformam os espaços em laboratórios de criação e troca, ampliando horizontes estéticos e aproximando o público dos processos de produção artística.

Ao todo, 12 projetos foram selecionados por edital que prevê apoio financeiro de R$ 30 mil para cada proposta. As atividades começam em setembro e se estendem até 2026, ocupando os museus com oficinas, performances, instalações, ciclos de debates e outras práticas experimentais.

As residências permitem que artistas, pesquisadores e coletivos desenvolvam trabalhos em diálogo com os acervos, equipes e visitantes. Já as ocupações se caracterizam como apropriações criativas dos espaços, frequentemente marcadas por ações colaborativas e performáticas.

Essas iniciativas vêm se consolidando como ferramentas de renovação da experiência museológica, transformando o visitante em coautor e reposicionando o museu como espaço de experimentação, escuta ativa e diálogo com o presente.

“Artistas em residência ou ocupação não apenas expõem, mas criam dentro do museu, trazendo linguagens como performance, instalação, arte sonora e processos colaborativos. Assim, a programação se torna mais engajada, rompendo com formatos engessados e abrindo espaço para a pluralidade de narrativas e estéticas”, destaca o diretor-geral do IPAC, Marcelo Lemos Filho.

Projetos em destaque
Os trabalhos selecionados abordam temas como ancestralidade, questões de gênero, racismo estrutural, territorialidade e espiritualidade. Um exemplo é projeto iniciado nesta terça-feira (02/09), intitulado “Dança Afro para Crianças e Adolescentes – 30 Anos do Malezinho”. O objetivo é propor uma imersão na linguagem da dança afro-brasileira por meio de oficinas voltadas ao público infanto-juvenil, no Museu de Arte Moderna da Bahia (MAM). Crianças e adolescentes vão explorar ritmos ancestrais, movimentos expressivos e vivências que fortalecem a identidade cultural, em diálogo com o legado artístico do movimento.

No Parque Histórico Castro Alves (PHCA) está em atividade o “Projeto Mambembe companhia de teatro no Parque Histórico Castro Alves”, que realiza uma série de ações culturais como oficinas, com foco no acesso à arte, na valorização da cultura popular e na formação artística. O projeto inclui seis apresentações do espetáculo “Discussão de um Fiscal com uma Fateira”, adaptação teatral do cordel homônimo do cordelista Manuel Campina. A peça, criada para espaços abertos será encenada em locais de grande circulação popular: a Área Verde do Parque Histórico Castro Alves (PHCA), em Cabaceiras do Paraguaçu, a feira do município e do distrito do Jordão, a praça do distrito de Sobrado, o Colégio Estadual Alberico Gomes Santana e o Colégio Municipal Poeta Castro Alves. As atividades culminam em uma mostra final, em outubro, com a participação dos alunos.

O PHCA receberá, ainda, a “Ocupação Recôncavo Antirracista”, entre setembro e novembro de 2025. A residência artística propõe a inserção nas memórias e resistências do recôncavo baiano. A programação inclui oficinas, palestras e performances que articulam arte, educação e território, com foco em linguagens como fotografia, xilogravura, poesia e desenho. A iniciativa culminará na 1ª Mostra Paraguaçu Recôncavo Antirracista, para celebrar a produção artística local, no Novembro Negro.

Arte e sustentabilidade 
O projeto MetaReciclarte – Vivências Experimentais na Poética do Futuro, desenvolvido pelo Coletivo JACA, integra arte, tecnologia, sustentabilidade e ancestralidade. Com foco especial na comunidade periférica de Cajazeiras, o projeto ocupará o Museu de Arte Contemporânea da Bahia (MAC_BAHIA), durante dois meses – de abril a maio de 2026.

Ao celebrar mais de 20 anos de atuação do Coletivo JACA, a residência propõe a transformação de resíduos eletrônicos descartados em arte, criando uma ponte entre questões ambientais, sociais e culturais. Voltado para estudantes, professores, visitantes e a comunidade de Cajazeiras, o projeto oferece um espaço inclusivo de troca e aprendizado, ampliando o acesso à cultura e promovendo práticas criativas e sustentáveis.

A expectativa é de que as residências e ocupações atraiam públicos diversos para o ambiente dos museus, como jovens da periferia, coletivos artísticos independentes, comunidades LGBTQIAPN+ e movimentos sociais, além de jovens em busca de capacitação profissional, como propõe a residência artística “Cine Bahêa nos Museus”, que ocupará o Solar Ferrão durante os meses de março a maio de 2026. O projeto visa a formação e o desenvolvimento de práticas artísticas no campo do audiovisual. Serão oferecidas oficinas nas áreas de Animação, Roteiro e Interpretação Audiovisual, ministradas por profissionais com ampla trajetória no setor.

Com o fomento do IPAC, as residências e ocupações reforçam a ideia de museu como bem comum: um espaço aberto à convivência, à diversidade e à criação coletiva, e não restrito às elites intelectuais e econômicas.

Fonte: Ascom/IPAC
 

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