
Texto: Eduardo Santos e Letícia Silva/ Secom PMSUma série de ações, entre palestras, oficinas e encontros presenciais, busca ensinar noções de empreendedorismo, cidadania, educação financeira, cuidados com a saúde e marketing digital para mulheres negras e de baixa renda da capital baiana.
A programação especial, intitulada “Mulheres Negras em Movimento”, integra o conjunto de iniciativas do programa Salvador Capital Afro, sendo voltada para a valorização desse público na cidade. Os eventos tiveram início na última quinta-feira (17) e seguem até o próximo domingo (27), em diversas localidades.
As ações ocorrem em parceria com as secretarias municipais de Cultura e Turismo (Secult) e de Desenvolvimento Econômico, Emprego e Renda (Semdec), a partir de apoio institucional e da troca de ideias e experiências.Oficina – Na manhã desta segunda-feira (21), uma oficina realizada no Colégio André Rebouças, no bairro de São João do Cabrito, no Subúrbio, reuniu cerca de 40 mulheres e tratou de temas como organização financeira, por meio de aulas explicativas e sorteio de brindes para o autocuidado de mulheres negras. A atividade foi seguida de consultoria de empresas de cosméticos, buscando garantir novas possibilidades de renda e educação financeira para a comunidade.A programação contou ainda com um jogo de perguntas e respostas, no qual as mulheres da comunidade mostraram o que aprenderam naquele dia. As duas vencedoras do jogo foram agraciadas com premiações em dinheiro.Para Joice Santos do Nascimento, de 43 anos, empreendedora do Porto das Sardinhas e cuidadora de crianças, as oficinas foram bastante produtivas. “Acredito que, a partir de agora, conseguirei me organizar melhor. Ainda tenho muitas dúvidas, mas, acredito que, de acordo com meu esforço e determinação, juntando tudo que aprendi, vou conseguir colocar a minha vida financeira em ordem”.Moradora do São João do Cabrito, a pescadora Rosângela Moreira Costa Rua Sá Oliveira, de 38 anos, compartilhou do mesmo sentimento. “Esses encontros foram muito importantes para me ajudar a entender como lidar com meu dinheiro. Sempre fui muito impulsiva para gastar, e agora eu sei que devo garantir alguma reserva. Até mesmo para pensar no meu futuro, no de meus filhos e pensar em formas de garantir receita para meus objetivos mais para frente”.Desafios – A pedagoga Vanessa Luz, coordenadora do Fundo Agbara no Nordeste, reforçou que empreender exige disciplina e dedicação. Ela destacou que a educação financeira traz uma nova perspectiva, permitindo que as mulheres alcançadas tenham uma noção melhor do que fazer com o dinheiro e do entendimento a respeito do fluxo de caixa.
“O Porto das Sardinhas, por exemplo, é um lugar que descarrega cerca de 18 toneladas de peixe por dia, com muito dinheiro circulando, mas muitos dos trabalhadores não fazem a precificação correta. E é justamente aí que entra nossa oficina, que permite que essas mulheres tenham um novo olhar, para pensar seu trabalho de uma outra maneira”, enfatiza a coordenadora do Fundo Agbara.Fundo Agbara – O Agbara é o primeiro fundo filantrópico de mulheres negras do Brasil. Fundada em 2020, em plena pandemia de Covid-19, a entidade surgiu da necessidade de auxiliar mulheres negras que passavam dificuldades naquele momento.
No primeiro estágio, a ajuda se deu por meio de doações. Em um ano, o movimento cresceu, atingindo 400 doadores fixos, o que passou para 3 mil em dois anos. Daí, surgiu a necessidade de institucionalizar o fundo e de fazer entender como funciona a filantropia negra no Brasil, na perspectiva de justiça econômica, climática e bem viver para mulheres negras.Atualmente, o fundo conta com uma rede de mais de 1,5 mil mulheres impactadas com fomento e capital somente em seus programas. Salvador concentra pelo menos 100 mulheres, além de 115 outras por todo o estado da Bahia.
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