Oficinas, contação de histórias e música marcam programação do Circuito Mulheres Negras em Movimento

Texto: Nilson Marinho e Mateus Soares/ Secom PMS

A programação do Circuito Mulheres Negras em Movimento foi marcada por oficinas e apresentações culturais na sede da Associação Educativa e Cultural Didá, no Pelourinho, nesta terça-feira (22). O público pôde conferir atividades formativas ligadas a corte, costura e adereços, que foram conduzidas pela atriz e costureira Allyssa Anjos, em dois turnos. Na ocasião, ela compartilhou técnicas próprias de confecção e incentivou as participantes a enxergar o aprendizado como possibilidade de geração de renda.

“É um prazer, uma honra para mim estar aqui. Sou muito feliz por essa oportunidade. Sou uma mulher trans, e sabemos que, infelizmente, vivemos em um país que mais mata pessoas LGBTQIAPN+ no mundo. Por isso, ocupar esse lugar — ministrando um curso de corte e costura, com certificado, tudo organizado — é algo muito significativo. Como artista e profissional, isso só agrega à minha trajetória e ao meu trabalho”, disse.

As participantes da oficina também aprenderam a trabalhar com alegoria de cabeça. “Desenvolvi uma técnica chamada ‘dobradura’, o nome já existe, mas a forma como aplico é única, é minha criação. Assino todos os meus figurinos, risco, desenho e confecciono. E agora quero ensinar essa técnica para elas. Não quero guardar só para mim. Acredito que isso é um legado e quero que ele perdure”, acrescentou Allyssa.

Uma das alunas da oficina, Janine de Sá, de 61 anos, moradora do Campo Grande, teve seu primeiro contato com a atividade. “Nunca costurei e, inclusive, tenho dificuldade para encontrar alguém que faça isso por mim. Resolvi aprender porque está difícil achar quem trabalhe com costura. Por exemplo: se cada peça de calça custa R$ 10, com essas três que tenho aqui, posso ganhar R$ 30. E levo 10 minutos ou menos para fazer. Muita gente tem deixado de costurar, talvez por achar que paga pouco ou porque já recebe benefícios de programas sociais”, comentou.

Moradora do Rio Vermelho, Andréa dos Santos, 40, também mostrou entusiasmo com os ensinamentos passados durante a oficina. “Fiquei sabendo do curso por meio da minha filha. Como sempre trago ela para a Didá, resolvi aproveitar o tempo e me inscrever. Costuro o básico em casa, não sei fazer coisas elaboradas, mas quero aprender. Assim, quando eu quiser transformar uma roupa da minha filha, não preciso pagar. Eu mesma faço”, contou.

Outras ações – A programação do dia também contou com a realização da oficina de tranças e turbantes, com a cabeleireira e artista Negra Jhô, e apresentação artística da Banda Didá.

Houve ainda uma contação de histórias com a atriz Cássia Valle, coordenadora do Bonde da Calu. Ela trouxe uma abordagem sobre a literatura preta, infantil e juvenil, em celebração ao mês dedicado ao empoderamento feminino negro.

“Nesta contação de histórias, abordamos dois livros de minha autoria e de Luciana Palmeira, sendo um deles ‘Calu: Uma Menina Cheia de Histórias’, e ‘Aziza’. Ambos falam de pertencimento e têm como protagonistas duas meninas pretas, donas da própria narrativa”, explicou.

As iniciativas do Mulheres Negras em Movimento integram as celebrações pelo 25 de julho, data em que se comemora o Dia Internacional da Mulher Negra, Latino-Americana e Caribenha, o Dia Municipal da Mulher Negra em Salvador e o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra.

O circuito foi lançado pela Prefeitura de Salvador, por meio da Secretaria Municipal de Cultura e Turismo (Secult) e da Secretaria Municipal da Reparação (Semur), e segue até domingo (27).

A programação completa pode ser conferida no site (https://www.salvadordabahia.com/circuito-mulheres-negras-em-movimento/).

Acesse a galeria de fotos: https://comunicacao.salvador.ba.gov.br/oficinas-e-apresentacoes-culturais-marcam-a-programacao-do-circuito-mulheres-negras-em-movimento/ .

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