
Foto: Antonello Veneri/Divulgação
Quinta ialorixá do Ilê Axé Opô Afonjá, Maria Stella de Azevedo Santos, mais conhecida como Mãe Stella de Oxóssi (1925-2018), estaria completando 100 anos em 2025. Para celebrar a memória da sacerdotisa, a Fundação Gregório de Mattos (FGM), homenageia a escritora e líder religiosa em mais uma edição do Patrimônio É…, que acontece nesta quinta-feira (24), a partir das 15h, no Ilê Axé Opô Afonjá, em São Gonçalo do Retiro. O evento também poderá ser acompanhado pela página da FGM no YouTube (
Realizado sob o tema “100 Anos de Mãe Stella – A Força das Mulheres do Afonjá”, o encontro terá a participação de Mãe Ana de Xangô, ialorixá do Opô Afonjá, pedagoga, especialista em Educação e mobilizadora social; da professora Ìyá Márcia de Ògúm, ialorixá do Ìlẹ̀ Àṣẹ Ẹwà Ọ̀lódùmarè, conselheira municipal de Política Cultural de Salvador e coordenadora da Rede Nacional de Religiões Afro-Brasileiras e Saúde de Lauro de Freitas (Renafro); e de Ajoiyé Eliana Falayó, da Rede OmiÓsun – Rede de Mulheres Ancestrais da Ilha de Itaparica. A mediação ficará a cargo da jornalista Cristiele França.
O presidente da FGM, Fernando Guerreiro, destaca a importância de celebrar a história e a vida de Mãe Stella de Oxóssi. “Esse projeto visa divulgar o patrimônio da cidade de Salvador. Por isso, nada mais justo que homenagear o centenário de Mãe Stella de Oxóssi e sua incrível trajetória como intelectual, escritora e líder religiosa. Preservar e difundir a memória de Mãe Stella é fundamental para que possamos conhecer melhor a nossa própria história. E é nessa luta que se insere o Patrimônio É…”, ressalta.
O evento acontece dentro da programação do Salvador Capital Afro: Mulheres Negras em Movimento. A ação é promovida pela Prefeitura neste mês de julho, em razão do Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha e do Dia Nacional de Tereza de Benguela, ambos celebrados no dia 25 de julho.
Reflexão – O encontro Patrimônio É… é uma iniciativa que promove encontros sobre temas relacionados ao patrimônio cultural de Salvador, envolvendo pesquisadores, gestores, detentores, fazedores de cultura, estudantes e sociedade em geral, com a proposta de promover a reflexão sobre a importância da história e identidade, preservação e salvaguarda do patrimônio material e imaterial, fortalecendo o vínculo entre as pessoas e os territórios onde vivem.
Desde 2017, o evento foi realizado em diversos espaços culturais da capital baiana, a exemplo da Igreja da Barroquinha – local onde surgiu o primeiro candomblé ketu do Brasil –, Feira de São Joaquim, Ladeira da Preguiça, Mercado de São Miguel, Casa do Benin, Pedra de Xangô e Igreja do Rosário dos Pretos, dentre outros.
Perfil – Maria Stella de Azevedo Santos nasceu em 2 de maio de 1925, em Salvador. Iniciada no candomblé aos 14 anos, tornou-se mais a quinta yalorixá do terreiro Ilê Axé Opô Afonjá, cargo que ocupou por mais de quatro décadas.
Além da atuação religiosa, Mãe Stella foi enfermeira e escritora, autora de diversos livros sobre candomblé e cultura afro-brasileira, incluindo “Meu tempo é agora” e “Òsósi – O caçador de alegrias”. Com isso, assumiu a cadeira 33 da Academia de Letras da Bahia, com posse realizada em 2013.
Ela também foi uma defensora da cultura negra e da preservação das tradições africanas, lutando contra a intolerância religiosa e o racismo. Mãe Stella morreu em 2018, aos 93 anos.
Programação – O Salvador Capital Afro: Mulheres Negras em Movimento acontece desde o último dia 17 e as atividades seguem até domingo (27), com seminários, palestras, oficinas e ativações culturais valorizando a cultura afro-brasileira e ressaltando a força da mulher negra neste cenário. A programação completa pode ser acessada no site https://www.salvadordabahia.com/circuito-mulheres-negras-em-movimento/