Planeta atinge sobrecarga de recursos nesta quinta-feira; saiba mais

O planeta atinge nesta quinta-feira (23) a sobrecarga de recursos naturais, ou seja: todos os recursos disponíveis para o ano de 2025 foram consumidos nos primeiros sete meses. Isto significa que a humanidade utiliza a natureza 1,8 vezes mais depressa do que os ecossistemas conseguem se regenerar.

O Earth Overshoot Day, ou Dia da Sobrecarga do Planeta, é a data em que a procura por recursos naturais pela humanidade ultrapassa a capacidade da Terra de se reabastecer durante todo o ano.

Os cálculos são da organização internacional de sustentabilidade Global Footprint Network. Nas contas da organização, tudo que o Planeta consumir a partir de amanhã passa a ser no “cartão de crédito”.

Em comunicado, a Global Footprint Network ressalta que as pessoas emitem mais dióxido de carbono (CO₂) do que a biosfera pode absorver, usam mais água doce do que o que é possível repor, colhem mais árvores do que as que podem crescer de novo, pescam mais rápido do que as reservas de peixe se reabastecem, entre outros fatores.

A utilização de recursos além do que a natureza pode renovar “esgota inevitavelmente o capital natural da Terra” e compromete a segurança dos recursos a longo prazo, “especialmente para aqueles que já têm dificuldades de acesso aos recursos necessários”, alerta.

Ainda que o Dia da Sobrecarga deste ano tenha chegado uma semana mais cedo (em geral data é 1° de agosto), a Global Footprint Network diz que o dia tem se mantido com alguma estabilidade nos últimos 15 anos, sempre em torno dos primeiros sete meses do ano.

Apesar da tendência de estagnação, a associação ambientalista portuguesa Zero destaca que, mesmo sem grande variação na data da sobrecarga, a pressão sobre o planeta continua aumentando devido ao acumulo de danos.

Para a organização, a humanidade precisa se apressar e “promover as mudanças necessárias” para reduzir o impacta que suas atividades e necessidades têm sobre a capacidade de recarga do planeta.

Em comunicado, a Zero dá exemplos: se metade do mundo implementasse um Acordo Verde com o nível de ambição da União Europeia (UE) a sobrecarga do planeta poderia ser adiada em 42 dias nos próximos 10 anos.

A Global Footprint Network adverte que o excesso de emissões de CO₂ não causa apenas a perda de biodiversidade e o esgotamento de recursos, mas também faz estagnar a economia, aumenta a inflação, a insegurança alimentar e energética, as crises sanitárias e os conflitos.

A organização adverte que quem não se preparar, sejam cidades ou países, enfrentará riscos maiores e faz um alerta: a sobrecarga do planeta é também uma falha na organização do mercado consumidor mundial, uma ameaça aos consumidores excessivos de recursos e, se não for combatida, poderá terminar em catástrofe.

Como solução, a organização portuguesa Zero defende a promoção de uma economia de bem-estar em que a prosperidade não seja definida apenas pelo crescimento do PIB, mas pela saúde ecológica, equidade social e bem-estar humano, em uma lógica de reorientar os sistemas produtivos e de consumo para os limites do Planeta seja respeitados. Simultaneamente, é preciso assegurar a satisfação de necessidades básicas e a qualidade de vida de todas as pessoas.

Uma abordagem cujo caminho passa, diz a associação, por uma lei que garanta que os direitos das gerações futuras e a defesa da justiça intergeracional são parte integrante do processo de decisão.

A Zero acrescenta que vários países estão trabalhando neste sentido e que em Portugal outras associações como a Oikos e Último Recurso prepararam uma proposta de Lei com este intuito.

Todos os anos a Global Footprint Network anuncia no Dia Mundial do Ambiente, celebrado em 5 de junho, a data do Earth Overshoot Day.

Na página da organização é possível consultar os cálculos de país a país.

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