
Secretaria de Cultura, Turismo e Esportes – SECULTE
Secretaria de Cultura, Turismo e Esportes – SECULTE
Era 1706 e o rio São Francisco, mais volumoso do que hoje, se estendia até a região onde atualmente fica a catedral-santuário de Juazeiro. Nas margens, a água cavava pequenas fendas na terra, chamadas de “grotas”. Conta a crença que foi dentro de uma delas que um indígena encontrou uma pequena imagem da Virgem Maria, o que iria mexer com a fé da região. Entregue a um vaqueiro e depois para frades franciscanos, a escultura anônima recebeu nome e endereço: Nossa Senhora das Grotas.
Poucos anos depois, franciscanos construíram uma pequena igreja de alvenaria no lugar da aparição. E, quando Juazeiro virou município, a primeira lei assinada não cuidava de impostos ou delimitação de ruas, mas de tornar a santa a sua padroeira. “É como se Juazeiro nascesse sob o manto de Nossa Senhora”, avalia o padre Jodean Santos, que conta essa história. O sacerdote é o paróquio da hoje imponente Catedral-Santuário Nossa Senhora das Grotas.
Hoje a imagem original – que acredita-se ter mais de 300 anos – está resguardada no topo do altar da catedral. Já para o cotidiano das missas e procissões, duas réplicas circulam pela cidade, adornadas de flores brancas e amarelas. Elas também são históricas e permanecem guardadas em uma sala especial.
Quando chega a novena, um grupo de voluntários visita a sala a cada três dias: substituem as flores, fazem a limpeza, verificam se não há danos. O local é refrigerado para preservar as flores e as esculturas.
Entre eles está a fiel Maria Adelaide Terranova. “Desde o meu nascimento eu sou devota”, diz. Ela conta que já recebeu um “grande milagre”, mas guarda o detalhes entre ela e a santa. “Quando todo mundo dizia ‘não’, eu disse ‘Nossa Senhora, eu vou te pedir essa graça’ e ela me deu uma resposta na última noite da novena”, contou.
A cristã explica o relacionamento entre Juazeiro, sua cultura e a padroeira do município, cuja história de aparição envolve as águas do rio São Francisco, os povos tradicionais, vaqueiros e uma fé que atravessa gerações.
“Nossa Senhora, ou Maria, recebe mil nomes de devoção, sempre ligados ao lugar ou motivo de uma aparição. Mas o nosso é único”, afirma. “Aqui, ela surgiu em uma grota do rio. Por isso, somos a única diocese em todo o mundo com esse nome: Nossa Senhora das Grotas”, atesta.
É por isso que a homenagem à padroeira é tão especial na cidade. Em setembro, ela é marcada pelo novenário e pelo festejo, celebrado oficialmente em 8 de setembro. Este ano, Juazeiro terá uma novidade: o festival católico “Canta Juazeiro com Maria, mãe das Grotas”, nesta sexta (5), às 19h30, com Tony Allysson, Banda Kairós e artistas locais. A ação é promovida pela Prefeitura, por meio da Secretaria de Cultura, Turismo e Esportes/Seculte. Entre procissões, canções, lendas e milagres guardados em segredo, os fiéis encontram na padroeira uma forma de pertencimento.