
Foto: © Reuters/Pedro Nunes/Proibida reprodução
Autoridades portuguesas investigam nesta quinta-feira (4) o que fez com que o popular Elevador da Glória descarrilasse e descesse morro abaixo, matando pelo menos 17 pessoas e ferindo 21 ao se chocar contra um prédio.
Imagens do local mostram os destroços do bondinho amarelo, que transporta pessoas para cima e para baixo em uma encosta íngreme na capital portuguesa, no local onde saiu dos trilhos e bateu em um prédio, a poucos metros de outro vagão na parte inferior da colina.
Abel Esteves, de 75 anos, morador de Lisboa, e sua esposa e neto estavam entre os 40 passageiros do vagão na base da colina que viram o vagão descarrilado indo em sua direção.
“Quando vi outro vagão descendo, disse à minha esposa: ‘Vamos todos morrer aqui'”, declarou ele.
“O vagão ganhou uma velocidade brutal, deu uma leve guinada e atingiu o prédio com um grande estrondo.”
As bandeiras foram hasteadas a meio mastro, enquanto Portugal declarou um dia de luto pelas vítimas. As duas linhas restantes da cidade foram fechadas para inspeções, segundo as autoridades.
O acidente envolveu 38 pessoas, sendo que 15 morreram no local e outras duas morreram no hospital durante a noite, disse Margarida Martins, chefe dos serviços de emergência da cidade.
Entre os feridos estão quatro cidadãos de Portugal, dois da Alemanha, dois da Espanha, além de um da Coreia, um de Cabo Verde, um do Canadá, um da Itália, um da França, um da Suíça e, por fim, um de Marrocos.
Eliane Chaves, uma brasileira que vive em Lisboa há 20 anos, disse que passa pelo Elevador da Glória todos os dias.
“É realmente triste”, declarou ela, enquanto lágrimas escorriam por seu rosto.
“As pessoas dizem que foi negligência, mas não foi negligência. Eles supervisionam tudo minuciosamente. Foi um acidente, assim como pode acontecer com um avião ou um carro.”
Manuel Leal, líder da Federação dos Sindicatos de Transportes e Comunicações (Fectrans), disse à TV local que os trabalhadores da linha da Glória – um dos símbolos da cidade – haviam reclamado de problemas com a tensão do cabo de transporte que dificultava a frenagem, mas ainda era cedo para dizer se essa era a causa do acidente.
Em comunicado, a empresa municipal de transporte público Carris informou que “todos os protocolos de manutenção foram executados”, incluindo programas de manutenção mensais e semanais e inspeções diárias.
No local do acidente, a polícia tirou fotos dos destroços e inspecionou o sistema de freios do vagão não danificado nas proximidades.
Os dois vagões da linha, cada um com capacidade para transportar cerca de 40 pessoas, são presos a extremidades opostas de um cabo de transporte com tração por motores elétricos nos vagões que se contrabalançam.
A linha, inaugurada em 1885, liga o centro de Lisboa, próximo à Praça dos Restauradores, ao Bairro Alto, famoso por sua vibrante vida noturna.
Fonte: Agência Brasil