Venezuela acusa EUA de terem usado IA em vídeo sobre ataque a barco

Venezuela acusa EUA de terem usado IA em vídeo sobre ataque a barco

Foto: © Donald Trump Truth Social/Divulgação

Nesta terça-feira (2), o governo da Venezuela acusou o secretário de Estado dos Estados Unidos, Marco Rubio, de utilizar inteligência artificial (IA) em um vídeo apresentado como prova de supostas atividades de narcotráfico a partir da Venezuela.
O ministro da Comunicação e Informação venezuelano, Freddy Ñáñez, utilizou seu canal no Telegram para fazer a denúncia pública.

“Parece que Marco Rubio continua mentindo para o seu presidente [Donald Trump]: depois de colocá-lo em um beco sem saída, agora lhe apresenta como ‘prova’ um vídeo com IA [assim comprovado)]”, escreveu o ministro.

O ministro anexou uma análise técnica do vídeo em questão, na qual a plataforma de inteligência artificial Gemeni concluiu que é “muito provável” que o vídeo tenha sido gerado por um sistema de inteligência artificial.

O relatório técnico aponta que a explosão do barco se assemelha mais a uma “animação simplificada, quase de desenho animado, do que a uma representação realista”. Além disso, indica a presença de “artefatos de movimento”, uma “falta de detalhamento realista” e um comportamento da água que parece “muito estilizado e pouco natural”.
O vídeo, utilizado como suposta prova do ataque de militares norte-americanos a um navio que, segundo Rubio, transportava drogas a partir da Venezuela, continha elementos como o texto “SEM CLASSIFICAÇÃO” e uma marca d’água de origem desconhecida, que a análise técnica também identifica como comuns em conteúdos gerados por IA.
A acusação de Caracas situa o incidente no centro de um debate global crescente: a proliferação de deepfakes e seu potencial para desestabilizar relações internacionais e serem usados como casus belli (ato ou evento para justificar a declaração de uma guerra). Se as afirmações venezuelanas forem verdadeiras, marcaria um precedente extremamente perigoso em que provas fabricadas poderiam ser utilizadas para justificar ações militares ou sanções econômicas, informou a Telesur. 
Até o momento, o Departamento de Estado dos EUA não se pronunciou oficialmente para confirmar a autenticidade do vídeo ou rebater as acusações de falsificação, conforme a Telesur.

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou ontem que as forças americanas dispararam contra um “barco que transportava droga” e tinha saído da Venezuela.

“Literalmente destruímos um barco, um barco que transportava drogas, muita droga. E vocês verão e lerão sobre isso. Aconteceu há alguns momentos”, afirmou o presidente à imprensa durante um pronunciamento no Salão Oval, antes de acrescentar que “estas [drogas] provêm da Venezuela”.

Porém, Donald Trump não deu mais detalhes sobre uma suposta operação militar nas costas do país sul-americano, onde a Marinha dos Estados Unidos posicionou vários navios de guerra.

Mais tarde, ele compartilhou um vídeo em sua plataforma Truth Social que parecia mostrar imagens de drones aéreos de uma lancha no mar explodindo e depois pegando fogo.

Ele acrescentou que os militares dos EUA identificaram a tripulação como membros da gangue venezuelana Tren de Aragua, que os EUA designaram como grupo terrorista em fevereiro. Ele repetiu as alegações de que a Tren de Aragua está sendo controlada pelo presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, acusações que Caracas nega.

O secretário Marco Rubio também confirmou o ataque. “Temos uma grande quantidade de drogas que chegam ao nosso país há muito tempo, e estas provêm da Venezuela. Saem em grandes quantidades da Venezuela. Muitas coisas estão saindo da Venezuela, então o eliminamos (o barco)”, acrescentou.

A decisão de explodir um barco suspeito de tráfico de drogas que passava pelo Caribe, em vez de apreende-lo e prender sua tripulação, é altamente incomum e evoca lembranças da luta dos EUA contra grupos militantes como a Al Qaeda.

Os Estados Unidos enviaram navios de guerra para o sul do Caribe nas últimas semanas com o objetivo de cumprir a promessa de Trump de reprimir os cartéis de drogas.

O ataque desta terça-feira parece ter sido a primeira operação militar desse tipo na região com esse objetivo.

* É proibida a reprodução deste conteúdo.

Fonte: Agência Brasil

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Rolar para cima